Como usar o pedal de EQ: tirem melhor som da guitarra ou baixo

Quando se fala de pedais de efeitos para adicionar à pedalboard, poucos guitarristas e baixistas se lembram do pedal de equalização. Mas um pedal de EQ (equalizador) pode transformar por completo a presença sonora da guitarra ou do baixo.

Este pedal - que não é de efeitos, mas que pode ter um efeito poderoso no som final - permite controlar com precisão as frequências do vosso instrumento e adaptar a sua sonoridade ao contexto musical e físico em que se encontram.

O pedal de EQ pode ser a chave para destacar o vosso som no meio da banda, resolver problemas em palco ou simplesmente tirar melhor partido do vosso equipamento.

Neste artigo, explicamos como funciona um pedal de EQ, como o devem usar e situar na pedalboard e como podem ajustá-lo para tirar o melhor som possível da guitarra ou baixo.

Índice

O que é um pedal de EQ?

Tipos de pedais de EQ

Porque devem incluir um pedal de EQ na vossa pedalboard

Como configurar um pedal de EQ: passo a passo

Dicas práticas de EQ para guitarristas

Dicas práticas de EQ para baixistas

Onde colocar o EQ na pedalboard?

Notas finais

O que é um pedal de EQ?

O pedal de EQ é um pedal que normalmente apresenta um conjunto de cursores ou botões que controlam o volume de frequências específicas.

O EQ aumenta ou corta determinadas frequências do sinal do teu instrumento. Pensem nele como um filtro: podem reduzir o que está tirar definição e realçar o que querem destacar. Em vez de alterar apenas o volume geral, um pedal de EQ deixa-vos moldar o som de forma mais precisa: podem aumentar ou cortar os graves, os médios ou os agudos, ou a presença de frequências específicas.

É perfeito para corrigir problemas de som, adaptar o timbre ao estilo musical ou dar um boost ao vosso som em partes específicas durante uma música, como um solo.

Boss GE 7 7Band Graphic Equalizer | Pedal de efeitos | Salão Musical

Tipos de pedais de EQ

Existem dois tipos de pedal de EQ: o EQ gráfico e o EQ paramétrico. Ambos servem para ajustar as frequências mas funcionam de formas diferentes.

O EQ gráfico é o tipo mais comum. Usa sliders verticais para controlar um intervalo de frequência específico. É fácil de usar porque se vê logo o “desenho” da equalização. Se os sliders estiverem todos a meio, o som está no seu estado neutro. Se subirem ou descerem os sliders, estão a realçar ou cortar essas frequências.

O EQ paramétrico oferece mais controlo. Em vez de sliders fixos, permite escolher exatamente qual a frequência que se quer alterar, quanto se quer aumentar ou cortar, e até quão “larga” é a zona à volta dessa frequência que se vai afectar (isto chama-se Q).

É uma ferramenta que oferece outras opções, ideal para quem já sabe o que procurar. O som pode ser moldado com mais detalhe, mas exige um ouvido mais treinado — ou paciência para experimentar até acertar.

Resumindo: se procuram algo simples, prático e eficaz, o EQ gráfico é mais acessível para quem está a começar a aprender a usar estes pedais. Se querem mergulhar a fundo na modelação do vosso som, o paramétrico pode ser a melhor opção. Ambos têm lugar numa pedalboard bem afinada, depende da vossa abordagem e do vosso ouvido.

Porque devem incluir um pedal de EQ na vossa pedalboard

O amplificador tem limites. Muitos pedais dão uma cor desnecessária. Os pickups podem ter brilho a mais ou a menos, e o controle de tom não chega. O EQ permite corrigir essas limitações e moldar o som ao vosso gosto.

Podem cortar graves em excesso, dar mais corpo aos médios ou suavizar agudos agressivos. Tudo depende do que o vosso estilo musical precisa. Um som funk limpo não pede o mesmo que um solo de rock com distorção.

Em concertos, o EQ é uma verdadeira bóia de salvação. Cada sala é diferente, com características acústicas únicas. Com um pedal de EQ, conseguem responder a essa especificidade sem depender do som da mesa ou do técnico. Em estúdio, ajuda a eliminar frequências que colidem com outros instrumentos. É uma ferramenta de afinação fina que controla a qualidade e propriedades sonoras do vosso instrumento logo na origem.

Em bandas com um só guitarrista, podem ter um som específico para a parte rítmica, e ativar uma equalização que destaque o som da guitarra na parte dos solos. Ou então, controlar os graves em salas com muita reverberação, e manter o som bem definido, apesar das características do espaço.

Como configurar um pedal de EQ: passo a passo

Mesmo com equipamento topo de gama, se não souberem como destacar as frequências que melhor se adequam às vossas necessidades, o vosso som final nunca vai soar como devia. Saber usar um pedal de EQ dá-vos controlo total a partir da origem, em palco ou em estúdio.

O mais fácil é começar com todos os valores a meio. Essa é a base neutra. Depois, terão de ouvir com atenção: há graves a mais? O som fica "oco" nos médios? Tem agudos irritantes?

Identificar o que precisa de ser ajustado é algo que precisam de desenvolver, e essa é a grande dificuldade que muitos músicos encontram ao usar o oedal de EQ. Têm de aprender a ouvir-se de forma isolada e em contexto e perceber como estes dois modos encaixam.

Façam uma nova audição e ajuste com a banda. O que resulta a solo nem sempre funciona em conjunto. O pedal de EQ é essencial para se integrarem no som colectivo. O melhor é ajustar com moderação, pequenas mudanças fazem grande diferença.

Usando o BOSS GE7 como exemplo, um dos melhores e mais acessíveis pedais de EQ do mercado, vamos ver o papel de cada uma das frequências que podemos controlar, no som da guitarra.

100 Hz - abaixo dos 100hz, estão as frequências que dão o peso grave que sentimos no peito e dão corpo ao som. Mas são também as frequências que tiram definição. A partir dos 100 começamos a encontrar os graves fundamentais, que dão profundidade ao som. Cortar aqui pode limpar o som se soar demasiado sujo, ou com uma presença exagerada de graves.

200 Hz - é a zona dos graves médios, onde ocorre a mudança entre o corpo e a definição do som. Se aumentarem, reforçam a presença dos graves médios. Cortar ligeiramente pode dar mais clareza em misturas com muitos instrumentos a competir nessa gama.

400 Hz - Aqui entramos na zona sensível dos médios graves, onde surge aquele som de caixa. Se o vosso som parecer abafado, podem cortar aqui, mais do que nas frequências mais baixas. Muitas vezes achamos que o problema de definição sonora está abaixo dos 400hz, mas muitas vezes basta um pequeno ajuste aqui para ficar tudo mais claro, e mantendo o corpo.

800 Hz - Esta é a gama em que o vosso instrumento fala, é onde esta a sua voz, que define a personalidade da guitarra ou baixo. Realçar esta frequência dá mais presença e ataque.

1,6 kHz - Quando destacada, a gama dos médios altos, ajuda os solos a sobressair no meio da mistura. Um pequeno boost aqui torna a guitarra mais expressiva e viva.

3,2 kHz - Mais do alterar o timbre, esta frequência destaca a articulação, dando clareza e definição ao som, especialmente em picking ou slap no baixo.

6,4 kHz - A partir daqui para cima, estamos a falar do brilho, ou "air", que dá algum espaço ao vosso som. Pode soar estridente se exagerarem.

Vejam e ouçam algumas configurações de EQ com o BOSS GE7, das mais normais até a algumas bastante criativas.

Dicas práticas de EQ para guitarristas

Para que os solos sobressaiam relativamente às outras partes e à banda, subam ligeiramente os médios. Se usam pickups single coil, é normal que os agudos sejam as frequências mais presentes. Reduzam um pouco essa banda para um som mais equilibrado.

Em contextos com um baixo potente ou um baterista "pesado", pode fazer sentido reduzir os graves da guitarra, para dar-lhes espaço no espectro sonoro. Outra dica útil é usar o EQ como booster, para realçar determinadas frequências e dar um "empurrão" extra nos solos. Bem usado, pode substituir um overdrive em certos estilos.

Dicas práticas de EQ para baixistas

O desafio dos baixistas está em ter graves com presença, mas sem ter um som indefinido. O EQ ajuda a encontrar esse equilíbrio, realçando os graves, mas mantendo definição nos médios.

Se o som estiver "nasalado", experimentem cortar nos médios altos. Se usam várias técnicas, como slap e dedos, podem usar dois perfis de EQ e alternar entre eles.

O pedal de EQ ajuda a evitar conflitos com o bombo da bateria, que muitas vezes compete pelas mesmas frequências do baixo.

Este vídeo dá 10 dicas para usarem o pedal para diferentes objetivos.

Onde colocar o EQ na pedalboard?

Normalmente, é um dos primeiros pedais da pedalboard. Colocar o EQ antes dos drives permite moldar o timbre que entra nos pedais seguintes. Se o colocarem depois, estarão a ajustar o som já saturado.

Outra opção é usar o EQ no loop de efeitos do amplificador, o que permite ajustes depois da distorção, ideal para um controlo mais preciso. Nenhuma opção é errada, depende do objetivo e da sonoridade que procuram. O melhor é experimentar, testar, repetir, até encontrarem a solução.

Notas finais

O pedal de EQ é uma das ferramentas mais subestimadas na pedalboard. Mas é também uma das mais eficazes para moldar o som de forma precisa.

Experimentem. Testem. Gravem. Aprendam a ouvir o vosso som e o seu contexto. E lembrem-se: o que soa bem a solo pode não funcionar com a banda, se não se souberem adaptar. Se querem tirar mais partido da vossa guitarra ou baixo, talvez esteja na hora de darem uma hipótese ao pedal de EQ.

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