100 anos de Carlos Paredes: biografia e obras essenciais
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100 anos de Carlos Paredes: biografia e obras essenciais

Publicado por2025-11-13 por 80
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Em 2025 celebra-se o centenário de Carlos Paredes. Descubram a biografia, os álbuns essenciais e o percurso do mestre que redefiniu a guitarra portuguesa.

Em 2025 assinala-se o centenário de Carlos Paredes. Filho de Artur Paredes, um dos mais revolucionários e influentes guitarristas portugueses da sua época, cresceu com a poesia das serenatas coimbrãs e o rigor técnico do pai.

Se Artur Paredes transformou a guitarra portuguesa de Coimbra num instrumento com uma identidade própria, Carlos Paredes desenvolveu a sua linguagem e deu-lhe alcance internacional.

Venham conhecer um dos músicos mais importantes da História da música portuguesa, e como o seu trabalho ainda hoje é estudado e reverenciado, por músicos de todas as paragens e origens.

Índice

Quem foi Carlos Paredes

Lisboa, trabalho civil e primeiras gravações

Carlos Paredes no cinema e em disco

Guitarra Portuguesa (1967)

Movimento Perpétuo (1971)

Asas sobre o Mundo (1989)

Dialogues (1990, com Charlie Haden)

A importância de Carlos Paredes

Quem foi Carlos Paredes

Carlos Paredes nasceu em Coimbra, a 16 de fevereiro de 1925. O pai, Artur Paredes, foi o grande renovador da guitarra portuguesa de Coimbra e moldou o ambiente musical em que o filho cresceu. Aliás, é impossível falar de Paredes-filho sem se falar de Paredes-pai.

Artur Paredes (1899–1980) foi um dos mais revolucionários e influentes guitarristas portugueses, especialmente ligado à tradição da guitarra de Coimbra. Considerado o “pai da Guitarra de Coimbra”, foi responsável por transformar radicalmente tanto o estilo de tocar como o próprio instrumento.

Começou por mudar a morfologia da guitarra de Coimbra, tornando-a maior, mais sonante e adaptada ao estilo melódico que imaginava. Esta busca por novos timbres diferenciou definitivamente a guitarra de Coimbra da de Lisboa, introduzindo afinações e técnicas que refletem o espírito académico e poético da cidade. O seu fraseado e ideias rítmicas deram ao instrumento uma identidade própria.​

Guitarra
Portuguesa Artimúsica GP73L Luthier Modelo Lisboa no Salão Musical

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Uma identidade que não se fica pelas dimensões do corpo ou da afinação. Artur Paredes desenvolveu também novas técnicas, especialmente na mão direita, como o uso simultâneo do polegar e indicador para maior riqueza harmónica e sonoridade. Estas inovações permitiram tocar acordes e variações com precisão e clareza inéditas neste instrumento.

Artur Paredes foi também um criador musical de relevo: compôs e adaptou peças que se tornaram clássicos do repertório coimbrão, como a “Balada de Coimbra”, além de promover variações e arranjos que desafiaram os limites do instrumento e dos instrumentistas.

Foi nesta correnteza de inovação e paixão pela guitarra de Coimbra que o pequeno Carlos deu as primeiras braçadas. Aprendeu guitarra portuguesa em casa, desde criança através da escuta atenta e o método exigente do pai.

O convívio com o repertório académico de Coimbra - as serenatas, toadas e variações deu-lhe uma base sólida de fraseado e atenção ao pormenor. Com o tempo, desenvolveu uma voz depurada, lírica, inspirada pelo relevo de Coimbra, com a Torre da Universidade no topo, a brilhar sobre as águas do Mondego.

Guitarra
Portuguesa Artimúsica GP72C Luxo Modelo Coimbra no Salão Musical

Guitarra Portuguesa Artimúsica GP72C Luxo Modelo Coimbra no Salão Musical

Lisboa, trabalho civil e primeiras gravações

Quando Carlos tinha cerca de 9 anos, a família mudou-se para Lisboa, mas a matriz coimbrã manteve-se como centro da sua dicção musical. A sua vida era a guitarra, sempre presente numa casa cheia de música: a sua mãe tinha preferência pela educação clássica em piano e violino, mas era este instrumento que ganhava nova vida nas suas mãos que o fascinava.

Tanto, que a sua ocupação profissional era apenas uma forma de se poder manter concentrado na sua música: trabalhou como arquivista no sector hospitalar durante décadas, conciliando horários com estudo e concertos. Este lado discreto ajudou a preservar uma ética de trabalho invulgar.

Ao mesmo tempo, manifestava o seu apoio a outros músicos e a causas contrárias ao regime político vigente na época, uma militância cívica e cultural que teve custos. Foi preso pela polícia política e esteve detido 18 meses no início da década de 1960.

Regressou à atividade com a mesma sobriedade, e foi a partir daí que a sua obra ganhou dimensão pública. As primeiras gravações e registos radiofónicos colocaram o seu nome num circuito mais alargado e abriram portas ao cinema.

Carlos Paredes no cinema e em disco

A colaboração com o Novo Cinema Português marcou uma geração. Em “Os Verdes Anos” (1963, Paulo Rocha), a melodia-tema tornou-se parte da memória coletiva. Em “Mudar de Vida” (1966, Paulo Rocha), a guitarra acompanha a imagem com contenção e pulso. A partir deste momento, a sua música passa a habitar tanto salas de concerto como ecrãs.

Nos discos, há quatro títulos que são uma porta de entrada clara para se descobrir toda a mestria e originalidade de Carlos Paredes:

Guitarra Portuguesa (1967)

O álbum de estreia de Carlos Paredes "Guitarra Portuguesa" (1967) é considerado um marco na história da música portuguesa. O disco tem 11 temas, incluindo clássicos como "Variações em Ré Maior", "Porto Santo", "Fantasia", "Dança", "Canção Verdes Anos", "Romance nº 1" e "Romance nº 2".

O álbum evidencia a herança de Coimbra (influência do pai, Artur Paredes), mas também uma expressão própria, explorando novas técnicas e uma abordagem profundamente pessoal à guitarra portuguesa.​​

É considerado o álbum que mudou o papel da guitarra portuguesa, dando-lhe destaque solista e elevando-a ao estatuto de símbolo nacional.

Movimento Perpétuo (1971)

O segundo disco de Carlos Paredes é considerado por muitos críticos e músicos uma das obras-primas de Carlos Paredes e um expoente máximo da música instrumental portuguesa.

O tema título revela todo o virtuosismo e intensidade emocional que Paredes era capaz de transmitir, misturando técnica apurada com força expressiva profunda. A melodia, o fraseado e o uso do dedilhado que lhe são tão naturais são impressionantes e impossíveis para a maioria dos guitarristas que abordam estes temas.

O próprio Paredes considerava este o seu melhor trabalho até então. O álbum é apontado por críticos como obra-prima da música portuguesa, exemplo da união entre virtuosismo técnico e emoção humana.

Asas sobre o Mundo (1989)

Este disco é já de uma fase mais madura do músico, como compositor e guitarrista. O disco foi concebido especialmente para celebrar os 45 anos da companhia aérea TAP Air Portugal, com algumas faixas dedicadas à empresa, como “Asas sobre o Mundo” e “Nas Asas da Saudade”.​

“Asas sobre o Mundo” é considerado o testamento artístico de Carlos Paredes, combinando homenagem, introspeção, paisagem e identidade portuguesa numa obra de grande força poética e musical. É altamente recomendado para quem queira compreender a fase final do percurso do mestre da guitarra portuguesa.

Dialogues (1990, com Charlie Haden)

Dialogues (1990) é um álbum colaborativo entre Carlos Paredes, mestre da guitarra portuguesa, e Charlie Haden, lendário contrabaixista de jazz americano. É considerado um ponto alto da internacionalização da guitarra portuguesa e uma experiência única de fusão entre tradições musicais.

O álbum foi gravado em Paris e lançado pela editora Antilles/Polydor em 1990. É composto por nove temas originais e adaptações, resultado de um encontro musical improvável e profundamente inovador.​ A colaboração surgiu do reconhecimento internacional de Paredes e do interesse de Charlie Haden pela expressividade da guitarra portuguesa.

A importância de Carlos Paredes

Carlos Paredes deu à guitarra portuguesa uma gramática moderna sem quebrar raízes. Fez do instrumento um solista com autoridade, capaz de entrar no cinema, dialogar com o jazz e encher salas em silêncio.

A sua obra não pede contexto para comover, mas ajuda a perceber melhor quem somos quando a ouvimos com atenção.

Carlos Paredes morre em Lisboa, a 23 de julho de 2004, após a doença lhe ter retirado a possibilidade de tocar desde 1993. Entre estes dois pontos desenhou um percurso singular que levou a guitarra portuguesa de acompanhamento a protagonista.

Em 2025, voltar a Paredes é mais do que celebrar uma data. É voltar a ouvir uma voz que viva e vibrante da música nacional.

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