Salão Musical de Lisboa Loja de instrumentos musicais desde 1958
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Beatle a Beatle: George Harrison

Publicado por2022-05-26 por 3345
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No segundo de quatro artigos dedicados a cada um dos Beatles, vamos falar do mais sossegado de todos: George Harrison

Este é o segundo de quatro artigos dedicados a cada um dos Beatles, às suas origens e ao que fizeram depois de terem feito parte da banda mais famosa de todos os tempos.

Desta vez falamos de George Harrison, o Beatle mais sossegado de todos. E, provavelmente, o mais complexo.

George Harrison: Origens

George Harrison nasceu em Liverpool em 25 de fevereiro de 1943, sendo o mais novo de quatro filhos de Harold Hargreaves Harrison e Louise Harrison.

Louise desde cedo encorajou os seus filhos a seguirem os seus sonhos, e sempre apoiou Harrison quando percebeu que nada o fazia mais feliz do que a música. A formação musical de Harrison começou bem cedo, ainda na barriga da mãe. Quando ainda estava grávida de George, Louise ouvia música indiana na rádio, para acalmar o bebé. O que se calhar explica muita coisa que acontecerá mais tarde.

O jovem George Harrison estava fascinado, como tantos outros jovens da sua era, por Cab Calloway, Carl Perkins, Django Reinhardt e outros músicos populares da altura. Mas tudo mudou quando, aos 13 anos, ouviu Heartbreak Hotel, de Elvis Presley. George percebeu o que queria fazer e a família comprou-lhe uma guitarra para que pudesse exercer o seu fascínio pelo rock’n’roll.

Como o skiffle estava na moda em Liverpool, ele e o irmão fizeram uma banda desse estilo chamada The Rebels. Só que uma viagem de autocarro mudou a vida de Harrison.

George Harrison e os Beatles

Paul McCartney estudava na mesma escola de George. Fizeram amizade durante uma viagem de autocarro ao descobrirem que gostavam ambos da mesma música. Paul convidou George para fazer parte da sua própria banda de skiffle, que se chamava The Quarrymen. George tocou para os The Quarrymen mas, por ter apenas 15 anos, outro membro da banda - chamado John Lennon - achou-o demasiado novo para se juntar a eles.

A idade de George Harrison acabou por não ser um problema na altura, mas criou alguns contratempos mais tarde. Aos 16 anos, e já depois de ter deixado a escola, Harrison era membro dos já chamados The Beatles e andava em digressão com eles. A banda teve a oportunidade de tocar no Kaiserkeller, em Hamburgo, mas a experiência foi encurtada porque Harrison era demasiado novo para tocar em clubes nocturnos.

George acabou por ser deportado, tendo voltado com os Beatles assim que atingiu a idade legal, pouco tempo depois.

O papel de Harrison nos Beatles

Os gostos de Harrison eram muito ecléticos, assim como os de todos os restantes Beatles, mas também eram mais exóticos. A sua influência nota-se não só na aproximação ao folk rock de Bob Dylan e dos Byrds, mas também pela introdução de sons da música indiana, como a cítara. Esta, provavelmente, é uma influência pré-natal.

Em Rubber Soul, o sexto álbum dos Beatles, Harrison conseguiu incluir estes sons nas composições da banda. Talvez por causa de, finalmente, ter criado algum impacto na criação musical dos Fab Four, Harrison tenha dito que este era o seu álbum favorito com os Beatles.

O Beatle Sossegado

George Harrison, talvez por ser mais novo e reservado, sentia algumas dificuldades em impor-se no meio de duas personalidades fortes como as de John Lennon e Paul McCartney. As suas contribuições eram muitas vezes postas de lado e a busca espiritual de Harrison nas religiões e filosofias orientais levaram a que se afastasse um pouco da banda.

Curiosamente, o fascínio do misticismo oriental acabou por unir os membros dos Beatles numa viagem à Índia, numa fase em que já não queriam dar mais concertos e procuravam um escape à sua realidade de banda mais famosa do mundo. Mas só Harrison continuou a seguir os ensinamentos hinduístas até ao final da sua vida.

Porque é que George Harrison saiu dos Beatles?

Mesmo com as revelações proporcionadas por estas digressões espirituais, as tensões continuavam lá. Nos últimos álbuns, e apesar de ter contribuído com uma mão cheia de músicas para a banda, George não conseguia fazer face à dinâmica McCartney-Lennon.

Harrison era querido pelos membros da banda, que respeitavam a sua musicalidade. Só que o projeto Beatles estava a sofrer com as pressões da vida de estrela, das relações pessoais de cada um, da inexperiência da idade (tinham todos 30 anos ou menos). Harrison era o mais sensível e menos ouvido de todos, e acusava a pressão.

A separação de Harrison dos Beatles acontece finalmente durante as sessões de Let it Be. No documentário Get Back, que regista a fundo esse momento, podemos ver que Harrison se sente subalternizado no meio da banda. As frustrações chegam a um ponto em que Harrison sai das sessões, para ser convencido a voltar 12 dias mais tarde.

Era o princípio do fim dos Beatles, e todos sabiam disso.

A vida de George Harrison depois dos Beatles

O seu fascínio pelo folk rock levaram-no a Woodstock em 1968, onde fez amizade com Bob Dylan e os The Band, que mantinham uma colaboração mais aberta do que Harrison tinha com os Beatles.

Ainda antes de sair da banda, Harrison já tinha gravado dois discos em nome próprio. Maioritariamente instrumentais, Wonderwall Music e Electronic Sound conseguem ser mais experimentais que as experiências sonoras dos Beatles. Estas aventuras levaram a que explorasse caminhos musicais diferentes, que não eram permitidos pela banda.

Quando saiu dos Beatles, Harrison tinha acumulado uma enorme quantidade de músicas, prontas para serem gravadas em disco. Juntamente com Billy Preston, o talentoso teclista que faz parte das sessões de Let it Be, Eric Clapton, e mais alguns músicos, George Harrison pega nessas composições e lança um álbum triplo chamado All Things Must Pass.

Harrison e Clapton eram dois dos guitarristas mais respeitados da sua geração e a sua presença no mesmo projecto dava ares de supergrupo, coisa a que Clapton já estava habituado na sua carreira.

All Things Must Pass é um disco muito pessoal e que revela toda a sensibilidade de George Harrison. Mas Harrison estava endurecido pelas drogas e por um sentido de desilusão, o que lhe traria problemas na sua vida privada.

Vida pessoal

George Harrison era casado com a modelo/fotógrafa/escritora Pattie Boyd. Mas as contínuas infidelidades - Harrison chegou a ter um caso com a mulher de Ringo Starr - e consumo excessivo de substâncias ilícitas, levaram a que Pattie Boyd se decidisse a separar de Harrison. Mas não ficou sozinha muito tempo. Eric Clapton foi viver com Boyd e casaram pouco tempo depois.

George encontra o conforto e a paz familiar junto de Olivia Trinidad Arias, em 1978, com quem teve um filho, Dhani. Foi um ponto de viragem na sua vida pessoal, que culminaria com a morte de John Lennon em 1980.

Os álbuns que lançava não tinham sucesso nem de vendas nem junto da crítica. Harrison perdeu a vontade de fazer digressões, especialmente depois da morte de Lennon.

A estabilidade familiar e o afastamento da vida pública fizeram com que explorasse outros interesses, como a jardinagem ou as corridas de carros - de que era um ávido praticante - e o cinema.

George Harrison e o cinema

No final dos anos 70, Harrison fundou a sua produtora cinematográfica HandMade Films. Harrison assumiu o papel de produtor executivo em 23 filmes, aparecendo até em alguns. Alguns dos títulos tornaram-se filmes de culto para as gerações seguintes, como A Vida de Brian, dos Monty Python, Withnail and I, Time Bandits ou Mona Lisa.

Travelling Wilburys

Harrison grava alguns na década de 80, sem grande impacto comercial, até que surgem os Travelling Wilburys.

Tudo começou em 1988, em casa de Bob Dylan, onde Harrison iria gravar uma música com Harrison e mais uns músicos que também eram conhecidos do grande público: Jeff Lynne, Roy Orbison, e Tom Petty.

O resultado foi tão bom que a editora quis que gravassem um álbum completo e os Travelling Wilburys fizeram-lhes a vontade. A morte de Orbison no final do ano obrigou-os a prosseguir como quarteto no segundo álbum.

As vendas deste super grupo foram significativas, mesmo sem nunca terem tocado juntos ao vivo, sendo multi platina, com mais de 3 milhões de discos vendidos.

Harrison estava afastado da vida da estrada desde 1974 e foi só em 1991 que decidiu voltar aos concertos. E fê-lo no Japão com… Eric Clapton. A partir daí, fez algumas aparições especiais em concertos de homenagem e de solidariedade.

Apesar de lançar discos com alguma regularidade em nome próprio pelo meio destas colaborações, Harrison não parecia muito interessado em voltar à vida difícil de um músico em digressão.

Os anos finais de George Harrison

Os maus hábitos acumulados durante décadas tiveram impacto na saúde de George Harrison. Em 1998 é-lhe diagnosticado um cancro na garganta, mas o momento mais dramático acontece um ano mais tarde, quando um fã mentalmente desequilibrado o ataca com uma faca em sua casa, ferindo-o a ele e à mulher.

Em Maio de 2001, o cancro regressa. Após uma operação aos pulmões, os médicos descobrem que se tinha espalhado para o cérebro. Harrison morre em Los Angeles em Novembro desse ano, acompanhado pela mulher e pelo filho.

Os três Beatles que ainda estavam vivos tinham estado juntos pela última vez três semanas antes.

As guitarras de George Harrison

Harrison é considerado como um dos melhores guitarristas de sempre, pela forma inventiva de tocar e pela influência que teve nas gerações seguintes. É o guitarrista lead perfeito, que deixa a composição brilhar, em vez de querer ser ele a estrela da música.

De todos os instrumentos que Harrison usou ao longo da sua carreira, vamos destacar duas guitarras e outro instrumento que ajudou a popularizar.

Gretsch

Gretsch Duo Jet

A primeira guitarra de marca de George Harrison foi uma Gretsch Duo Jet, de 1957, comprada em segunda mão. Foi a guitarra que Harrison usou para tocar na primeira aparição dos Beatles na televisão americana, no Ed Sullivan Show.

Depois desta atuação, a Gretsch vendeu cerca de 20 mil guitarras por semana. Em 1963, Harrison vende esta guitarra ao seu amigo Klaus Voormann, que a manteve na sua posse nas décadas seguintes até Harrison decidir comprá-la de volta. É a guitarra que apresenta na capa do seu disco de 1987, Cloud Nine.

Harrison era um grande apreciador das Gretsch, tendo mais tarde adquirido uma Gretsch Country Gentleman, de 1962.

Vejam guitarras Gretsch no Salão Musical

Fender Rosewood Telecaster

Outro modelo icónico é a Fender Rosewood Telecaster que Harrison toca no lendário concerto no telhado dos Beatles. Apenas três exemplares deste instrumento tinham sido feitos pela Fender, para serem oferecidos a Harrison, Jimi Hendrix e Elvis Presley. Se isto não demonstra a importância de George Harrison na altura, nada mais o fará.

Harrison pôs esta guitarra de lado, que acabou por ser vendida e depois comprada novamente pela família de Harrison em leilão, por 434,750 dólares. Ninguém sabe ao certo o paradeiro das outras duas guitarras, que nunca chegaram às mãos dos seus destinatários.

Vejam guitarras Fender no Salão Musical

George Harrison e os ukuleles

George Harrison ajudou a popularizar o ukulele. Numa nota de amor a este instrumento, Harrison diz que é impossível ficar mal disposto quando se toca ukulele, recomendando-o a toda a gente.

Nota de George Harrison escrita à mão sobre ukuleles

A sua paixão pelo ukulele era tão grande que acabou por passar o bichinho para o seu filho, Dhani Harrison. Dhani é um ukulelista consagrado e tem até um modelo da Fender em seu nome.

ukulele dhani harrison

Ukulele Tenor Fender Dhani Harrison SPHR Blue

A importância de George Harrison

Com os Beatles ou a solo, George Harrison é um dos músicos mais importantes da segunda metade do século XX. Não só é considerado como o 11º melhor guitarrista de sempre pela Rolling Stone, com tem no currículo 12 prémios Grammy em 39 nomeações, 16 prémios NME, um Óscar da Academia, e foi nomeado para o Rock’n’Roll Hall of Fame. Duas vezes.

A sua personalidade reservada e intensa é essencial no sucesso dos Beatles e, também, na sua dissolução. Acima de tudo, George Harrison é uma lenda que viveu rodeado por outras lendas, numa época da história da música que nunca mais se irá repetir.

Outros artigos desta série dedicada aos Beatles:

Beatle a Beatle: Ringo Starr

Beatle a Beatle: John Lennon

Beatle a Beatle: Paul McCartney

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