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Foto: Marko Zirdum
A música latino-americana tem poderes mágicos capazes de fazer mexer o mais frio dos mortais. O segredo está nos ritmos contagiantes que fazem menear a anca sem darmos por ela, transformar qualquer conversa normal numa discussão acesa ou um encontro casual numa paixão intensa.
Mas a América Latina é muito grande e cheia de tradições musicais diferentes.Venham conhecer alguns dos ritmos latinos que mais agitam os corpos por esse mundo fora, e as suas inesperadas origens.
Origens dos ritmos latinos: da corte para a plantação
Son clave: a base do ritmo latino
O ritmo é o que faz dançar. Mas as danças que trouxeram os ritmos para a América do Sul e Caraíbas tiveram origem na Europa, mais especificamente, na corte de Luís XIV, no século XVII. A loucura da época ainda não era a Macarena, mas as quadrilhas e contradanças.
Como a corte francesa era a casa dos influencers dessa altura, rapidamente essas danças foram levadas para outras cortes, como a espanhola, que as transmitiu para as suas colónias caribenhas: Cuba, República Dominicana, Haiti.
As colónias europeias foram construídas e exploradas à conta do trabalho de escravos de origem africana, que levaram com eles a sua própria música, danças religiosas e ritmos. Os povos que maior expressão tiveram eram originários dos atuais Camarões e Nigéria.
As contradanças da corte ganharam assim outra vida nas plantações de cana de açúcar caribenhas, criando novos estilos e expressões musicais.
E, ainda hoje, dão vida a salões de dança por esse mundo fora.
Em Cuba desenvolveu-se uma enorme variedade de ritmos, que fazem com que a música cubana seja uma das mais diversas e interessantes tradições musicais.
A base fundamental do balanço latino-americano é o son clave, nas suas variações 3:2 ou 2:3 (rumba clave). o compasso com três pulsações é chamado de tresillo. Todos os ritmos latino-americanos são construídos como resposta a este metrónomo em desequilíbrio.
O son clave é simples: distribuem-se três tempos num compasso e dois num segundo. Isto cria um desfasamento e um balanço sincopado com espaços que podem ser preenchidos com outros elementos e padrões percussivos.
Se ouvirmos com atenção, o son clave, ou qualquer uma das suas variações, está presente na maioria dos ritmos da música latino-americana.
Estes são alguns dos mais populares.
A bachata nasceu na República Dominicana durante a década de 1960. É uma mistura de bolero com chá-chá-chá e tango.
O nome vem do espanhol, que significa "reunião social”. A bachata tem uma história social muito complicada, com raízes nas classes baixas da ilha caribenha. Era uma música romântica tocada à guitarra nos cabarés/bordéis da República Dominicana como banda sonora para dramas de faca e alguidar. Faz lembrar um estilo que nos é familiar não faz?
A bachata evoluiu para estilos modernos completamente diferentes e hoje é uma das bandeiras turísticas dessa nação das Caraíbas. Podem explorar a história da bachata aqui. Acreditem que vale a pena.
O ritmo base da bachata é simples, e fácil de aprender.
A cúmbia é um estilo musical com origem na Colômbia e que mistura as tradições indígenas, europeia e africana.
Popularizou-se nos anos de 1950, apesar de ter sido mal vista nos seus primórdios: as primeiras manifestações deste estilo foram consideradas como imorais pela sociedade colombiana. Mas 1960 acabou por ser a década dourada da cúmbia, com imensos artistas a interpretar e a desenvolver este estilo.
Na sua base rítmica está um ritmo chamado cascara, que é mais uma variação do son clave.
Merengue é o ritmo nacional da República Dominicana mas que se tornou muito popular em toda a América Latina. Surgiu em meados de 1800, e era originalmente tocado com instrumentos de cordas europeus (bandurria e viola).
Tornou-se no estilo musical oficial da ilha caribenha por imposição de Rafael Trujillo, o ditador que governou a nação de 1930 a 1961. Nos Estados Unidos, foi popularizado pela primeira vez por grupos baseados em Nova York, constituídos por expatriados dominicanos.
O merengue acabou por se infiltrar na música norte-americana, inclusive no jazz.
Durante muito tempo, o nome salsa serviu para designar qualquer estilo de música latino-americana. Não há dúvida que toda a música latina tem um gostinho especial, mas a salsa apenas foi reconhecida como um estilo de mérito próprio na década de 1970.
As características que a tornam única são a origem cubana, especialmente num subgénero chamado son montuno, e as influências da música da América do Norte. A comunidade cubana exilada nos Estados Unidos usou a salsa como identidade musical, chegando a ser uma das vertentes de maior sucesso da música pop dos anos 80. Ainda se lembram da Gloria Estefan e dos Miami Sound Machine?
Aqui fica um exemplo de como os vários instrumentos de percussão trabalham em conjunto para criar um ritmo salsa.
Este estilo musical foi feito para dançar, e é à dança a que normalmente associamos este nome. É mais um estilo musical cubano, baseado no ritmo do danzón-mambo, outro estilo popular tocado pelas bandas de Cuba.
O que diferencia o cha-cha-chá do danzón é a base rítmica que dá nome ao gênero. Melhor do que explicar, é ouvir.
A rumba é uma adaptação norte-americana de vários ritmos cubanos. Surgiu no final do século XIX mas foi preciso chegar à década de 1920 para ser combinada combinada com elementos de son.
Emocionante e exótica, a rumba de salón tornou-se popular nas casas noturnas e cabarés da Europa. “Rumba ” é uma palavra cubana que quer dizer festa. É altamente baseada em percussão animada, rápida e sincopada, com ênfase nos contratempos e polirritmias complexas ou múltiplos padrões rítmicos.
É um dos estilos mais interessantes para qualquer percussionista.
O mambo partilha raízes e história com o Cha Cha Cha e o danzón. A grande diferença é que incorporou as sonoridades do swing e do jazz norte-americanos, transformando-se numa música de dança que contagiou os públicos das décadas de 1930 e 40, nos Estados Unidos.
Houve uma loucura à volta do mambo, sendo o estilo musical favorito para se dançar nessa época. Tito Puente foi um dos seus maiores expoentes e, atualmente, deve fazer parte do vocabulário de qualquer percussionista profissional.
O tango é a dança dramática da Argentina, com toques de flamenco e folclore sul americano.
Surgiu na Argentina e no Uruguai a partir de meados do século XIX, na confluência das comunidades africanas e dos seus ritmos e dos instrumentos e técnicas levadas pelos emigrantes europeus no século XX.
Era a música favorita de bandidos e gangsters que frequentavam casas de reputação duvidosa. As danças complexas que surgiram a partir de uma música tão rica refletem sexualidade, emoção e agressividade.
A música era tocada em instrumentos portáteis: trios de flauta, violão e violino, chegando o bandoneón no final do século XIX.
A percussão no tango é simples, mas fundamental para manter a tensão ao longo de toda a música.
O ritmo moçambique é um ritmo cheio de energia que era tocado nos carnavais de rua cubanos, e que tem algumas semelhanças com o samba.
Foi adotado por diversos líderes de orquestra cubanos e até Santana o usa nas suas composições. É um excelente exemplo de como um ritmo se consegue espalhar para outros estilos, sendo até aplicado por Steve Gadd.
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